— NOTÍCIAS

Cine Clube Casa do Lago terá duas mostras de cinema a partir de outubro

Entrada livre - aceita-se contribuição de alimentos não perecíveis



O Espaço Cultural Casa do Lago, na Unicamp, abre as portas para o cineclubismo com duas mostras sobre dois importantes cineastas, artistas que se tornaram clássicos pela criatividade de estilo e marcaram a história da sétima arte. Jean Vigo e Ernest Lubitsch ganham as telas do espaço nos meses de outubro, novembro e dezembro, sempre às 18 horas, às sextas-feiras.

A curadoria Jean Vigo Sob o Olhar de Paulo Emílio Sales Gomes apresenta os quatro filmes do realizador francês e o documentário de Jacques Rozier Cineastas de Nosso Tempo: Jean Vigo e textos ensaísticos atuais sobre as obras a partir da abordagem do pesquisador brasileiro.

Danilo Dias de Freitas, cineasta, fundador e programador do Verve Cineclube e curador da mostra aponta as razões para conhecer o cinema de Vigo. “Eu poderia tentar dizer algo de original, mas prefiro reproduzir as palavras de François Truffaut, que foi quem escreveu o que de mais belo e definitivo já foi escrito sobre o tema: ‘Jean que nasce para viver duramente, Jean que se vê sozinho, órfão (...) Jean Vigo, cujos filmes serão a ilustração fiel, engraçada e triste, fraterna e afetuosa, sempre aguda, desta divisa: Eu protejo o mais fraco.’”

A primeira sessão, em 07 de outubro, está reservada para Zero de Comportamento (1933). Na semana seguinte, dia 14, chega a vez de A Propósito de Nice (1930), documentário não-falado média metragem sobre o balneário francês e sua crítica ao modo burguês, e Taris (1931), curta-metragem sobre o nadador francês. O clássico O Atalante (1934), um dos mais importantes filmes da história do cinema, ponto alto do Realismo Poético, vai ser exibido no dia 21 de outubro. A curadoria reserva para o final o documentário Cineastas de Nosso Tempo (1964), de Jacques Rozier, no dia 04 de novembro. As sessões estão marcadas para as 18 horas. Após a exibição do filme ocorre bate-papo com os curadores.

“A postura de Jean Vigo diante do seu tema – a infância oprimida pelos adultos – era ditada por duas experiências: a dele próprio, nos anos passados em Millau e Chartres (principalmente os quatro anos na primeira cidade), e a do seu pai, na prisão da Petite Roquette. (...)O resultado foi a extrema sensibilidade de Vigo para tudo o que estivesse ligado à fragilidade da criança no mundo dos adultos. Adulto, suas recordações ainda o faziam sofrer, e há tempos vinha querendo libertar-se delas por meio de um filme. Pelo final das filmagens de Zéro de conduite, Vigo diria, do telhado de uma casa de Saint-Cloud, para um jornalista amigo: ‘Este filme é de tal modo a minha vida de garoto que não vejo a hora de passar para outra coisa’.” Danilo apresenta as impressões de Paulo Emilio sobre o filme Zero de Conduta.

Nos meses seguintes, em novembro e dezembro, chega a vez de Ernst Lubtisch ocupar o cinema da Casa do Lago na Curadoria Ríctus. No dia 18 de novembro vai ser exibido Ladrão de Alcova, de 1932. Na semana seguinte, dia 25 de novembro, a sátira Ninotchka, de 1939, está em cartaz. Já no dia 02 de dezembro é a vez do clássico Ser ou Não Ser, de 1942. Por fim, no 16 de dezembro, O Diabo Disse Não, de 1943, encerra a mostra do diretor e ator alemão radicado nos Estados Unidos.

Tanael Cesar Cotrim, jornalista e fundador e programador do Verve Cineclube reforça: “É importante conhecer o cinema de Lubitsch, cujas grandes obras são concebidas durante a Segunda Guerra Mundial. Ele ficou um pouco estigmatizado pelos críticos por fazer “comédia”, prefiro denominar “drama com comicidade”, numa época catastrófica da humanidade. Mas é sobretudo o modo enviesado por que a própria época é abordada em seus filmes que torna relevante a retomada do cinema de Lubitsch.”

O cinema no Espaço Cultural Casa do Lago comporta 72 espectadores e fica na Avenida Érico Veríssimo, 1011, na Unicamp. A entrada é gratuita.

Aceita-se contribuição de 1kg de alimentos não perecíveis para o Projeto "Operação Natal".